Larissa Bergamini
Graduanda em Engenharia Geológica na UFPel e Pesquisadora na área de Solos e Microvestígios.
Entender uma nova área de estudo é complicado, ainda mais quando não sabemos por onde começar a procurar uma bibliografia adequada para entender o assunto. Por isso, alguns pós-graduandos especialistas em estudos da Geologia Forense foram escolhidos para desenvolver uma pequena lista com textos essenciais para iniciantes em cada área da Geoforense, enquanto esperamos pelo dia que a Geologia Forense seja uma disciplina disponível nos currículos dos cursos de Geociências.

O primeiro tópico a ser indicado é uma subárea da Geologia Forense, Palinologia Forense, e a pós-graduanda escolhida para fazer essa escolha foi Cynthia Ramos, Mestre em Ciências com ênfase em Palinologia Forense pelo Instituto de Geociências da USP. (A ordem apresentada não é, necessariamente, a ordem de leitura).
Primeira indicação
MILDENHALL, D. C.; WILTSHIRE, Patricia EJ; BRYANT, Vaughn M. Forensic palynology: why do it and how it works. 2006.
Esse artigo se trata de um bê-á-bá da Palinologia Forense. O texto vai tirar dúvidas como:
O que é Palinologia Forense?
“Palinologia Forense é o estudo de esporos, pólen e outros vestígios de planta resistentes à ácido, podendo ser moderno ou fóssil, aplicado no contexto legal.”
Como a palinologia pode auxiliar na resolução de casos criminais?
“Em geral, a Palinologia pode ser usada para: (…) relacionar um item deixado na cena do crime ou na cena da descoberta a um suspeito; (…) provar ou refutar álibis; restringuir uma lista de suspeitos; determinar o histórico do percurso de itens, incluindo drogas; (…) e ajudar a determinar o período de deposição de restos humanos.”
Por que analisar, principalmente, pólen e esporos?
“A utilidade do pólen como ferramenta forense resulta de seu tamanho pequeno, sua resistência à degradação mecânica, biológica e química, permitindo que sejam preservados dentro e em uma variedade de meios, sua abundância no ambiente e em sua morfologia que permite, dentro dos limites, identificação de táxon de planta específica.”
Esse tópico ainda é dividido em subtópicos os quais explicam a distância na qual um pólen pode ser depositado pelo vento, as formas de transporte do pólen, porque o pólen é preservado e, até mesmo, como as amostras devem ser coletas in situ.
Segunda indicação
WILTSHIRE, Patricia EJ. Protocols for forensic palynology. Palynology, v. 40, n. 1, p. 4-24, 2016.
Esse artigo é um modus operandi, um guia prático para te acompanhar desde a coleta das amostras até o momento em que os dados da análise palinológica são apresentados no tribunal. Patricia Wiltshire, anota aí, leitura obrigatória para quem quer seguir na área da botânica forense!
Terceira indicação
BRYANT, Vaughn M.; JONES, Gretchen D. Forensic palynology: Current status of a rarely used technique in the United States of America. Forensic Science International, v. 163, n. 3, p. 183-197, 2006.
Os estudos de Melissopalonologia (estudo do grão de pólen em amostras de mel) e polinoses (rinite alérgica causada por pólen) fazem com que países como os Estados Unidos tenham uma enorme quantidade de pólen catalogado. Isso é um grande passo para que a palinologia também possa ser uma ferramenta para auxiliar no contexto forense, como na comprovação de álibis ou para fornecer informações sobre o ambiente de onde um item veio, por exemplo.
Sendo o quarto maior país do mundo e tendo uma grande facilidade para se locomover através do estado, criminosos tendem a crer que podem cometer crimes em certa localidade dos Estados Unidos e escapar facilmente para longe. No entanto…
“… estudos prévios de pólen na superfície do solo e de mel doméstico de diferentes regiões dos EUA demonstram que cada micro-habitat produz seu próprio espectro polínico único ou “pollen print” como é chamado frequentemente”.
O artigo apresenta os variados ecossistemas das regiões do país e termina com casos que utilizaram a palinologia forense na década de 1970, 1980, 1990 e atualmente.