Heloisa Morasque Ligeski
Estagiária do Setor Técnico-Científico da Polícia Federal em Curitiba e Graduanda em Geologia na UFPR. Atualmente desenvolve pesquisa acadêmica na área de solos e microvestígios e análise de ouro de garimpo ilegal.
Desde que as Geociências Forenses foram sendo cada vez mais exploradas cientificamente e introduzidas aos problemas reais da Sociedade, surgiu a necessidade de utilizar os recursos e a casuística da Polícia Federal do Brasil. Essa parceria levou alguns anos para acontecer, e quando aconteceu foi o boom que a área forense precisava. Microvestígios em cenas de crime, em pacotes de entorpecentes, proveniência de diamantes, ouro, joias e até de pessoas são alguns dos exemplos em que as duas instituições públicas do Brasil tem de interesse comum, uma para fins científicos, outra para resolução de crimes, complementando uma a outra. Mas essa amizade entre as duas sempre existiu?

As forças de Segurança Pública e as Universidades há algum tempo não possuem uma boa relação, pela diferença de pensamentos, ideologias e questões do passado, como a intervenção militar, mas esse relacionamento que antes andava estremecido pode ter uma nova chance.
Com o passar dos anos, a Polícia Federal necessita cada vez mais das Universidades Federais, que possui o maior dos bens que uma instituição pode ter: o pesquisador e a pesquisadora. Com eles, é possível aplicar a teoria na prática, na elucidação de crimes e até na resolução dos mesmos. Utilizando a pesquisa, responsável por toda as ciências que conhecemos hoje, indo do descobrimento de uma nova espécie vegetal até a produção de uma vacina que possa proteger toda a humanidade, nada é feito sem uma pesquisa, seja ela breve ou longa. A pesquisa estimula a busca aprofundada por conhecimentos teóricos, que possam ser aplicados no modelo desejado, testando novos métodos e técnicas, errando e acertando, podendo ser cansativa e parecer não ter fim ou resultados, mas dela sempre sai algo novo.
Partindo desse princípio, a Universidade é uma grande aliada das forças de segurança pública, que detém casos em que apenas uma perícia não é suficiente para ser desvendado, precisa de tempo, atenção e cuidado. A aplicabilidade desses casos ao que já é feito nos centros universitários possibilita o embasamento científico do caso, fazendo com que a universidade possa participar de problemas concretos. Um bom exemplo de como as instituições estão estreitando os laços é a inauguração do Centro de Ciências Forenses (CCF) na Universidade Federal do Paraná, que integra Ciência da Computação, Engenharia Ambiental, Física, Farmácia, Geologia e Química. Com essas áreas é possível explorar a interdisciplinaridade, aplicando aos casos reais e assim formando uma rede de conhecimento que no futuro quem sabe, poderá agrupar e unir mais departamentos.
O novo Centro contém qualidade laboratorial e de profissionais, que vão contribuir com perícias oficiais da Polícia Federal e Polícia Científica do Paraná, além das agências de fiscalização. As Geociências Forenses dependem dessa parceria para que possam crescer cada vez mais, utilizando vestígios e provas com embasamento científico, contribuindo para a celeridade de ações judiciais e com isso provando ser mais uma ferramenta de combate ao crime no Brasil.